Cochó do Malheiro: A Cidade Esquecida da Chapada Diamantina

Cochó do Malheiro: A Cidade Esquecida da Chapada Diamantina

No coração da Chapada Diamantina, onde o vento sopra histórias enterradas pelo tempo, ergue-se a memória de Cochó do Malheiro — uma cidade outrora próspera, hoje reduzida a ruínas e lendas. Seu nome ecoa no passado, ligado ao ciclo do gado, ao brilho dos diamantes e à figura imponente do Coronel Heliodoro de Paula Ribeiro, meu tataravô.

A Ascensão de Cochó do Malheiro

No início do século XIX, famílias de origem portuguesa, como os Paula Ribeiro, adentraram os sertões da Bahia em busca de terras férteis e riquezas minerais. Foi assim que Heliodoro, um homem de ambição e determinação, estabeleceu-se em Cochó do Malheiro, transformando-a em um importante entreposto comercial.

A cidade tornou-se um centro de criação de gado, com fazendas que abasteciam toda a região. Além disso, o garimpo de diamantes e outros minérios atraiu garimpeiros e comerciantes, fazendo surgir lojas de tecidos, armas e ferramentas. O mercado de gado de Cochó do Malheiro era famoso, e o Coronel Heliodoro, com seu espírito empreendedor, contribuiu não apenas com a economia local, mas também na política.

O Coronel Heliodoro: Poder e Conflitos

Homem de pulso firme, Heliodoro governava com pulso firme. Suas lojas de tecido eram pontos de encontro onde negócios se fechavam e alianças se firmavam. Porém, como era comum no sertão, o poder atraía rivalidades. Famílias concorrentes e grupos políticos opostos viam nele um obstáculo a ser removido.

Invasões e emboscadas tornaram-se frequentes. O coronel, acostumado às lutas do sertão, resistiu por anos, mas a tensão só aumentava. Em meados de 1895, Cochó do Malheiro foi palco de um conflito decisivo. As disputas pelo controle da terra e do comércio culminaram em um ataque devastador que arrasou a cidade. Casas foram incendiadas, o mercado de gado foi saqueado, e muitas famílias fugiram, deixando para trás um povoado em ruínas.

O Legado de uma Cidade Perdida

Com o tempo, a vegetação tomou conta das ruínas de Cochó do Malheiro. O que restou foram histórias contadas pelos mais velhos, registros esparsos em documentos antigos e o documentário que resgata essa memória (disponível aqui).

O Coronel Heliodoro, figura central dessa história, deixou descendentes que carregam seu sangue e suas histórias. Muito honrado de ser um deles, que preservo a memória do meu tataravô e da cidade que um dia foi grande, mas hoje jaz esquecida na imensidão da Chapada Diamantina.

Epílogo

Cochó do Malheiro é mais que um nome no mapa empoeirado da Bahia. É um símbolo de um tempo em que o sertão era feito de sonhos, lutas e tragédias. Suas ruínas silenciosas ainda guardam os ecos dos passos do Coronel Heliodoro, dos tropeiros, dos garimpeiros e de todos que, um dia, acreditaram que ali seria o seu lugar no mundo.

E assim, a história segue — não nos livros oficiais, mas na voz daqueles que ainda se lembram.


“O sertão não tem memória escrita; ele se lembra pela boca do povo.”

Mauro Cardim

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