O preço de uma “aliança”: Quando o movimento perde a voz

O preço de uma “aliança”: Quando o movimento perde a voz

No Podcast Toca da Onça do dia 27/08 tivemos a presença de Arthur Francino, integrante do MBL expulso do movimento por discordar da conduta das lideranças junto a figuras políticas de Camaçari.

Uma das forças mais vitais de qualquer movimento que se diz apartidário e combativo é a sua credibilidade. É a crença de que seus membros, desde a base até a liderança, estão ali movidos por ideais e princípios, e não por conveniências políticas efêmeras. No entanto, essa credibilidade é um castelo de cartas: pode levar anos para ser construída e apenas um movimento desastrado para desmoroná-la por completo.

A recente decisão de lideranças de proa do MBL de se aliar a figuras velhas conhecidas da política baiana, notoriamente desgastadas e enraizadas no Centrão, não é apenas uma contradição; é uma capitulação. É a rendição da retórica combativa na porta do poder estabelecido. A justificativa de que “Sandro já é do PP, partido do Centrão” não é um argumento, é uma admissão de derrota. É normalizar a prática que se jurou combater.

A fala que inspirou este texto é um desabafo genuíno de quem se sente traído pela cúpula de seu próprio movimento. Expõe a mecânica perversa que silencia críticas internas: ao invés de debate, a acusação. Quem ousa questionar a aliança com “figuras que vem na contramão” é imediatamente tachado de “traíra”, um dissidente a ser eliminado da cena para que a narrativa conveniente não seja manchada.

Há uma verdade incontestável aqui: uma liderança não pode pregar independência e depois agarrar-se ao colo do poder tradicional. Quem decide “caminhar com Elinaldo”, que é o caso de Andrei Castro, uma figura que “está à frente das decisões” e, portanto, representa todo o movimento na Bahia, assina um pacto em nome de todos. Arrasta consigo a credibilidade coletiva para um pântano do qual será muito difícil sair.

O tempo é o juiz implacável. É ele que revela a distância entre o discurso e a ação, entre a promessa de renovação e a velha política de sempre. O fato de que alguns agora “cruzam a rua com vergonha” é a primeira prova desse julgamento em andamento.

A lição final é sobre integridade. No fim do dia, a política – seja a tradicional ou a que se veste de movimento – se resume a uma pergunta simples: você é capaz de olhar nos olhos de seus pares e de sua base e falar a verdade? Ou as alianças feitas nos corredores do poder falarão mais alto?

O alerta está dado. Para o MBL e para qualquer movimento: as escolhas de hoje ecoarão no amanhã. E o tempo, sem pressa mas sem piedade, cobrará seu preço.

Mauro Cardim

Redator

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