OPERAÇÃO OVERCLEAN: A justiça avança, mas a política resiste

OPERAÇÃO OVERCLEAN: A justiça avança, mas a política resiste

A recente fase da Operação Overclean, que investiga contratos milionários na Prefeitura de Camaçari, escancara um velho problema brasileiro: a intersecção entre corrupção e política. Desta vez, o alvo é um contrato de R$ 7,4 milhões com a empresa Larclean Saúde Ambiental, suspeito de irregularidades. Enquanto a Polícia Federal avança nas apurações, a repercussão política revela um jogo de acusações que vai além da simples fiscalização – é a eterna disputa pelo poder e pela impunidade.

O contrato em questão, destinado ao controle de pragas urbanas, já teve mais de R$ 2 milhões liquidados, mas as dúvidas sobre sua lisura persistem. O que deveria ser uma rotina de gestão pública transformou-se em mais um capítulo de desconfiança e má utilização do dinheiro do contribuinte. Enquanto isso, a população de Camaçari, que sofre com serviços públicos precários, assiste a mais um escândalo sem saber se os responsáveis serão de fato punidos.

A fala do secretário municipal Ademar Lopes contra o ex-prefeito Elinaldo Araújo é emblemática. Ele acusa o antigo gestor de deixar a cidade em “caos”, com dívidas injustificadas e contratos suspeitos, e sugere que a pré-candidatura a deputado de Elinaldo seria uma estratégia para obter foro privilegiado. Se a alegação procede, é mais um indício de que, para alguns políticos, a justiça é um obstáculo a ser contornado, não um princípio a ser seguido.

O silêncio de Elinaldo Araújo diante das acusações não surpreende. É a tática usual de quem espera que o tempo apague as suspeitas ou que a morosidade da Justiça garanta a impunidade. Mas a sociedade está cada vez menos tolerante com esse tipo de conduta. A Operação Overclean, que se estende por outros municípios baianos, mostra que a lavagem de dinheiro e o desvio de recursos continuam sendo práticas recorrentes, mas também que a investigação está atenta.

Resta saber se, desta vez, as provas serão suficientes para romper o ciclo da impunidade ou se, mais uma vez, a politização do caso vai servir apenas como palanque eleitoral, sem resultados concretos. Enquanto isso, Camaçari e a Bahia esperam respostas – e, acima de tudo, justiça.

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