Por que o silêncio diante do rombo nos empréstimos consignados?

Por que o silêncio diante do rombo nos empréstimos consignados?

A denúncia feita por Mauro Cardim, empresário e integrante do MBL Bahia, joga luz sobre um problema que há anos corrói o poder aquisitivo dos servidores públicos: a prática abusiva dos empréstimos consignados, especialmente no estado da Bahia. Em sua fala contundente, Cardim levanta uma questão incômoda e urgente: por que ninguém está falando sobre isso?

Enquanto o país se choca com os recentes escândalos envolvendo fraudes no INSS, Cardim aponta que isso é apenas a “ponta do iceberg”. O rombo verdadeiro, segundo ele, ultrapassa os R$ 80 bilhões e tem raízes profundas no sistema de crédito consignado — aquele que, em tese, deveria ser uma alternativa segura para servidores e aposentados em momentos de necessidade.

O nome citado é o Banco Master, acusado de depositar valores não solicitados diretamente nas contas dos servidores. Um esquema perverso: o servidor, muitas vezes sem saber, vê um valor creditado em sua conta e, ao buscar cancelamento, se depara com um sistema ineficaz, burocrático e, em muitos casos, omisso. Resultado? Um empréstimo de R$ 1.000 se transforma em uma dívida de R$ 3.000 em dois anos. Uma armadilha financeira institucionalizada.

Mais alarmante ainda é o fato de que essa prática atinge desde pequenos servidores até delegados da polícia civil, todos reféns de um sistema que não permite defesa administrativa. Segundo Cardim, muitos só conseguem reverter a situação por via judicial — e não na Bahia, mas em outros estados da federação, dada a inércia do sistema judiciário local.

E onde estão os deputados? Onde está a Assembleia Legislativa da Bahia? Onde está o Ministério Público Estadual? É inaceitável que um problema dessa magnitude seja ignorado pelas instituições e pela classe política. Se a Bahia fecha os olhos, que se abra uma investigação nacional. Que o Ministério Público Federal tome para si a responsabilidade de defender os servidores que hoje, silenciosamente, carregam uma dívida que não contraíram.

O que Cardim mostra é um retrato do abandono institucional. Uma denúncia que, se verdadeira — e tudo indica que é —, exige ação imediata. É hora de romper o silêncio. É hora de proteger quem serve o estado e o país.

Se não for agora, quando?

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